segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Uma Re-postagem



Publiquei essa coluna tempos atrás no meu site. 
Resolvi republicá-la aqui.
Acho que ando meio incomodado (pelo menos mais do que o costume) com a ignorância coletiva e a mediocridade assumida.
Falando nisso. Você sabe o que é ser medíocre?
De acordo com o dicionário Michaelis online é:

medíocre
adj (lat mediocre) 1 Médio ou mediano. 2 Meão. 3 Que está entre bom e mau. 4 Que está entre pequeno e grande. 5Ordinário, sofrível, vulgar. sm 1 Aquele que tem pouco talento, pouco espírito, pouco merecimento. 2 Aquilo que tem pouco valor.
  
Se falássemos em termos de temperatura da água seria o morno.

Apocalipse de João Capítulo 3, versículos 15 a 17.

“Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; "

A seguir o texto que escrevi a tempos atrás:

"Já faz tempo que tentam classificar as gerações com letras; Geração BB (Baby Boomers), Geração X, Geração Y, etc.
Mas o que tem chamado a minha atenção nos últimos anos é a Geração F, F de Frouxos. Ok, isso não é uma classificação “oficial”, é a minha forma de nomear um grupo de pessoas que infelizmente parece estar cada vez maior. Leciono música a mais de 19 anos e tenho percebido uma mudança significativa no perfil das pessoas interessadas em aprender música. Se hoje temos uma grande facilidade em comprar instrumentos, pedais e amplificadores e acesso a toneladas de informação áudio-visual parece que quanto maior é essa oferta menos pessoas querem realmente aprender a tocar um instrumento musical. A grande maioria quer parecer que toca. Afinal parecer é mais fácil do que ser.
Quando comecei a me interessar por música quem conhecia uma escala pentatônica era o melhor guitarrista do bairro (no meu caso da cidade). Eu e meus amigos fazíamos “excursão” até a casa de quem tinha conseguido comprar um pedal. Qualquer Xerox de uma tabela de acordes ou digitação de escala valia ouro.
Revistas especializadas? Só fui ter acesso no final da década de 80. Tok Pra Quem Toka nº3 com o Dr. Sin na capa.
É, sou praticamente um dinossauro. Mas para não fugir do assunto que me motivou a escrever esse texto vou explicar melhor o que chamo de geração F.
Há muitos anos atrás ouvi uma declaração do Mariozinho Rocha (Diretor Musical da Globo) que era mais ou menos essa: “O computador é uma excelente ferramenta musical mas ele é muito perigoso, pois ele pode fazer com que você pense que sabe algo que na realidade você não sabe”.
Uau! Toda vez que me lembro disso fico pensando no quanto realmente eu sei tocar (isso inclui timbre, sonoridade, dinâmica, rítmica, e mais um monte de coisas que eu acredito que tenha que ter e ser para poder tocar de verdade).
O Band in a Box e outros softwares de acompanhamento e gravação são uma ótima ferramenta de estudo, composição, prática e ensino do instrumento.
Pedaleiras com os presets dos meus guitarristas preferidos também.
Porém se tudo isso for apenas um bem de consumo e não uma ferramenta para construir habilidade e conhecimento acaba mais atrapalhando do que ajudando.
Gostaria de ter começado a aprender a tocar com as facilidades que estão disponíveis atualmente, mas não sei se eu teria aprendido o que sei se tudo já viesse pronto, mastigado, genérico e enlatado como hoje.
Música também é uma indústria e como tal depende do consumo para sobreviver e essa indústria tem como objetivo “engarrafar” e vender o que as pessoas desejam.
Afinal, admita que você morre de vontade de colocar um par de EMG’s na sua guitarra para conseguir aqueles harmônicos do Zakk Wylde ou de comprar aquela pedaleira que simula 40 amplificadores diferentes e mais de 100 pedais para você ter o timbre modelado digitalmente de um verdadeiro amplificador valvulado com um belo Tube Screamer TS-808 empurrando o ganho até as alturas.
Não sou um saudosista e nem um purista radical e xiita do som. Deus abençoe a modelação digital e toda a tecnologia que torna a nossa vida de guitarristas mais fácil e com timbres melhores.
O ponto é que conheço e ouço muita gente que tem um belo equipamento mas não afina a porra do Bend, tem um vibrato de cabra asmática, acha que equalizador gráfico é para ficar fazendo desenho ao invés de cortar e adicionar as frequências necessárias para melhorar o timbre e que não sabe silenciar as cordas que não estão sendo tocadas para evitar os harmônicos indesejáveis que ficam transformando o som do cara em buzina.
Mas é que comprar equipamento é fácil, nada que em 15 vezes no cartão de crédito não se resolva, mas afinar o Bend machuca o dedo, faz bolha e até sangra. Montar o próprio timbre dá trabalho, cansa, enche o saco (seu, da sua família, vizinhos, companheiros de banda e etc.)
Um amigo meu, professor universitário, tem uma explicação para isso: Ele diz que se a pessoa conseguir realizar o sonho dela vai ter que passar a vivê-lo,  pois deixa de ser sonho, vira realidade.
Sonhar é a coisa mais fácil do mundo, mas viver um sonho dá trabalho, cansa, machuca corpo e mente e traz frustração e exige perseverança até que ele se realize. Muitas vezes é mais fácil se boicotar, pois afinal, se for muito difícil a pessoa pode usar a desculpa de que não conseguiu por causa da dificuldade.
E aí? Você vai começar a se esforçar para tocar melhor para poder viver seu sonho ou vai se esconder atrás daquele novo equipamento fantástico que vai, finalmente, te dar o som que você sempre quis?"